Trata-se da região brasileira onde ainda se encontram preservadas as
maiores influências dos costumes e ingredientes indígenas. Por conta
disso, muitas vezes é tida como uma gastronomia "primitiva" quando, na
realidade, trata-se de uma cozinha rica e autêntica, livre de muitas
influências e modismos externos. Sua riqueza vem, em grande parte, do
manancial que é a Amazônia, maior floresta do mundo e fonte praticamente
inesgotável de ingredientes.
O rio Amazonas, além de
meio de transporte, também é fonte de alimentos. Algumas espécies de
peixes mais conhecidas são o tambaqui, tucunaré, filhote e pirarucu -
que, por conta do seu tamanho (pode atingir 200 quilos), é vendido e
preparado em partes como o gado, e também pode ser salgado como um
bacalhau. A base da alimentação diária é o peixe, que pode ser assado na
folha de bananeira, cozido em moqueca ou caldeirada, assado na telha ou
na brasa, ou cozido no tucupi.
Assim como os peixes,
há grande variedade de frutas: taperebá, cupuaçu, bacuri, miriti,
biribá, camapu, buriti, açaí, graviola, mangaba. Há também presença de
caças, raízes e caules, como o palmito e a mandioca (cuja farinha está
presente em quase todas as refeições, puro ou como pirão), folhas e
condimentos, como o urucum, o jambu e a pimenta de cheiro (bastante
utilizada, já que os índios não conheciam o sal).
Alguns
pratos tradicionais são a caldeirada, o pato no tucupi, o arroz com
jambu, a maniçoba. O tucupi é, aliás, prova de que os índios já haviam
descoberto e aprimorado todos os usos possíveis da raiz da mandioca para
o consumo. Os colonizadores portugueses documentaram seu uso, que
perdurou até os dias de hoje. Trata-se do caldo amarelo extraído da
prensagem da raiz de mandioca. Este líquido é então cozido durante
horas, para extrair o ácido cianídrico, e usado como base para diversos
pratos, como o pato no tucupi. No Pará utiliza-se o tucupi para preparar
o tacacá, caldo que leva goma de mandioca, pimenta de cheiro e camarão
seco, consumido habitualmente às cinco da tarde.
Fontes:
CHAVES, Guta e FREIXA, Dolores. Larrousse da cozinha brasileira. São Paulo: Larrousse do Brasil, 2007.
Coleção cozinha regional brasileira - Pará. São Paulo: Editora Abril, 2012.
Coleção cozinha regional brasileira - Amazonas. São Paulo: Editora Abril, 2012.
Aulas ministradas pelo professor Francisco Amorim no Curso de Gastronomia da Faculdade Ruy Barbosa (Salvador, agosto de 2013).
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